quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Por João Pedro.

"Alguns, quase todos, pensam que a vida de uma planta é pura monotonia. Que engano. Para começar, todos os dias assisto ao mais lindo espetáculo que á um ser vivo possa ser concedido. O nascer do sol.

- Carta de amor à Apolo -

Sinto seus raios tocarem minhas folhas, aquecerem a terra, e então junto a ele vou me levantando. Dançamos em constante sintonia... submissa à ele, deixo que me levante, e aos poucos, juntos vamos nos expandindo, ele furiosamente por trás do seu altar de nuvens, e eu, delicadamente em meu jardim.

Estaria mentindo pra mim mesma se dissesse que não guardo por ele um sentimento quente, muito mais profundo do que minhas raízes podem alcançar. Sinto por ele extrema dependência.

Desejo todos os dias poder ver seu esplendor.
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Existirá sempre um tempo para ficar na sombra. Pensar sozinho, refletir oque fez, planejar oque fará.

- Deprimavera -

Observo de longe, quietinha, a passagem do tempo. Filosofando sozinha, o maior castigo das flores é também oque nos mantém vivas, nossas raízes. Ser prisioneira de um canteiro, minhas correntes eu mesma quem faço. Sou refém de mim mesma. Aceitar. Não nasci pra ser livre, apenas para ser enfeite de jardim. Submissa ao tempo, ao vento, e à todos os seres vivos.
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E aos poucos ela vem chegando, a noite. Fria, calada. Me fecho, me protejo. Recuso me a acreditar que ela consiga se manter sem o sol poder observar. A lua. Tão serena. Iluminada. Adormeço sob seu brilho, e faço a ela todos os dias o.mesmo pedido. Me leva de encontro ao sol. Nada mais justo, pois carrego em meu nome o nome dele. Existe maior prova de amor e admiração?

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